Desenho e montagem: professor Davi Portela |
EDUCANDÁRIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE
O Pe. Benedito Francisco de Albuquerque, recém-ordenado, foi designado para vigariar sua terra natal. No dia 6 de janeiro de 1954, tomou posse no cargo e cheio de entusiasmo entrou a trabalhar com todo empenho, buscando atacar as necessidades mais prementes de seu povo.
Como coreauense, conhecia bem as deficiências existentes, à época, nos setores da educação e saúde. Ciente dessa realidade, inicia gestões no sentido de modificar essa situação tão constrangedora para seus conterrâneos. Seus esforços, nos primeiros momentos, foram direcionados para os problemas pertinentes à educação. Começava, aqui e assim, a saga de um grande e emérito educador. Um professor por excelência, compromissado com o desenvolvimento da educação de seus paroquianos. Isto, num período de poucos recursos e de percalços multifatoriais.
No afã de bem servir a sua gente, decide fundar uma escola. Mas de cara deparou-se com uma grande dificuldade, a sede dessa escola. Eram escassos os recursos financeiros e materiais. A cidade não dispunha de prédios públicos ou particulares que pudessem ser utilizados para sediar a desejada escola. Tomado pelo ímpeto da juventude, não desanima e parte célere para a luta.
Certo dia, uma feliz ideia surgiu: colocar a referida escola na residência de seus pais. Todavia era necessária a concordância destes. Arquitetou o plano e lançou o veemente apelo, a resposta foi rápida e positiva. O Educandário já tinha sua sede provisória, porém, para a viabilização de seu intento, seus pais deveriam transferir-se para a Casa Paroquial. Assim foi feito, quase de imediato. O sonho começava a tomar corpo. Mas havia outros entraves que o dinâmico sacerdote já entabulava alternativas para superá-los.
O professorado era, sem dúvida, agora, o requisito maior. Eis, que o altivo educador resolve recrutar na própria cidade a mão-de-obra necessária. O ponto de partida foi levantar as pessoas que tinham estudado em Sobral e Fortaleza e assim tivessem condições mínimas de conhecimentos para transmitirem, no contexto do ensino de primário grau, na relação “ensinar e aprender”, mesmo sem a prática pedagógica. Dentro dessa premissa, com o mapa na mão, ele parte para o convite. Começa, pois, a montagem do corpo docente, José Ribeiro de Freitas, Escrivão Federal; Walfrido Silva Thé, funcionário dos Correios; Raimundo Nonato Araújo; Francisca Albuquerque Fontenele; Jacinta Nunes de Araújo (Anita); Euclides Pinto da Frota; Constancia Gomes Portela; Tereza Alacoque Aguiar (Sinhazinha); José Euclides Ferreira; João Bezerra de Carvalho; Dr. Nilo da Silveira Mota, promotor de justiça; e, Dra. Maria Aparecida Albuquerque Teles, farmacêutica. Procedentes de Sobral, vieram o Irmão Linhares e o ex-seminarista Ataliba Araújo Moura.
Vencidas as dificuldades, em tempo relativamente recorde, a nova escola começa a funcionar, no dia 12 de março de 1954, sob a batuta do grande líder. A meta seguinte era o curso ginasial. Aquele que veio em nome do Senhor, para anunciar a Boa Nova, do púlpito da Matriz, com a colaboração de muitos, abria nesta data uma grande clareira no centro da cidade para difundir o conhecimento e aos poucos transformar a mentalidade de seu povo.
Os livros de leitura, do primeiro ano forte ao quarto ano, eram da coleção Tio Emílio, inclusive a cartilha usada no primeiro ano fraco. Estes livros tinham na capa umas listras verdes e o rosto de um velho.
A farda masculina era composta de calça de mescla cáqui e camisa também de cor cáqui, mangas longas, portando dois bolsos com tampas, tipo militar. O uniforme feminino era constituído de saia vermelha, pregueada, com blusa de popeline branca, mangas longas e uma gravata-borboleta vermelha.
Este feito nos faz lembrar uma grande coincidência. A primeira escola formal, de caráter particular, foi instalada, também, na praça do Mercado, por um sacerdote idealista já referido, trinta e dois anos antes.
Com a criação do Ginásio, no inicio de 1957, foi o Educandário transferido para a sede deste, isto é, o prédio do Circulo Operário, passando a integrar esta nova entidade, num processo de fusão.
(...)
(Texto extraído da obra História de Coreaú – 1702/2002, do escritor Leonardo Pildas, pp. 385-388)
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