Os
estudos psicolinguísticos lançam questionamentos sobre como os professores
podem melhor avaliar as produções textuais dos educandos, dando mais relevância
à organização das ideias e à criatividade do que à pontuação e à ortografia.
Segundo o
psicolinguista Frank Smith (1982), o ato de escrever envolve um conflito
entre a composição e a transcrição. A primeira refere-se à seleção e
organização das ideias e a segunda ao registro das palavras, grafia e
pontuação. Segundo Smith, quando o professor avalia as produções dos alunos,
imprimindo muita ênfase à estrutura textual, paragrafação, pontuação e
ortografia, ele poderá desmotivá-los a compor textos, dado que os educandos,
ansiosos com a transcrição daquilo que está sendo escrito, prestarão mais
atenção a aspectos como a ortografia e a pontuação, tentando alcançar uma
escrita "limpa", em prejuízo da composição. Talvez esse seja o grande
temor dos pré-vestibulandos em relação à redação nos vestibulares, tendo em
vista a má-paragrafação, a pontuação e a ortografia serem apontadas
tradicionalmente como erros bastante relevantes pela banca examinadora.
Para
resolução desse conflito entre composição e transcrição, Smith propõe que os
profissionais em educação separem esses dois aspectos e tomem em consideração
primeiro a composição e, em seguida, a transcrição. Desse modo, o aluno poderá
compor transcrevendo sem preocupação. Assim sendo, para melhor conduzir o
ensino da ortografia, o professor poderá fazer um trabalho de análise com os
próprios textos dos educandos, selecionando os erros ortográficos de maior
incidência em sua turma, propondo atividades apropriadas às necessidades dos
alunos.
Auricélia Fontenele
Prof.ª de Português
FONTE: Diário de um Navegante