sábado, 4 de junho de 2011

MEC DISTRIBUI LIVROS COM ERROS


Brasília. O Ministério da Educação gastou R$ 13 milhões para distribuir material didático com erros de matemática a 37 mil escolas de educação no campo no ano passado.

Nele se aprende, por exemplo, que 10-7=4 e que 16-8=6. Há ainda exercícios que remetem à página errada e frases incompletas.

Foram impressos ao todo 7 milhões de livros - cada coleção do Escola Ativa contém 35 volumes. Os erros foram detectados no início do ano, e um grupo de especialistas contratado pelo ministério julgou que eles eram tão graves, tão grosseiros e tão numerosos que não bastava divulgar uma "errata" à coleção.

Os livros com erros foram distribuídos a 39.732 classes multisseriadas da zona rural, presentes em 3.109 municípios e todos os Estados do País. De acordo com uma publicação do MEC, essas classes atendem 1,3 milhão de alunos.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, pediu à Controladoria-Geral da República (CGU) a abertura de sindicância para apurar o tamanho do prejuízo e os responsáveis por ele. Ao mesmo tempo, mandou uma carta aos coordenadores de escolas da zona rural recomendando que os livros do Escola Ativa não sejam usados em sala de aula. A coleção foi retirada do ar também na internet.

"Houve uma falha de revisão, essa revisão foi muito malfeita", admitiu o ministro, insistindo que se trata de um material de apoio às classes multisseriadas no campo. "A interrupção do uso não vai comprometer o ensino, porque esse é um material de uso opcional", completou.

A última versão da coleção do Escola Ativa teve a impressão encomendada à gráfica e editora Posigraf, de Curitiba (PR). Segundo registro no Portal da Transparência, site mantido pela Controladoria-Geral da União, o trabalho custou aos cofres públicos exatos R$ 13.608.033,33.

O dinheiro seria suficiente para a construção de 36 escolas de educação infantil, segundo cálculo usado recentemente pelo próprio ministério. As 200 mil coleções foram impressas e distribuídas no segundo semestre do ano, sem que percebessem as falhas na edição.

O secretário executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, André Lázaro, pediu demissão do cargo ontem. Ele alegou motivos pessoais, mas tomou a decisão quando foi informado de que seria alvo da sindicância do CGU. Ele era Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação quando a última edição da coleção foi encomendada.
Fonte: Diário do Nordeste, dia 04 de junho de 2011

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